sexta-feira, 13 de maio de 2011

Empresas que mesmo sem ser metalúrgicas, distribuíram ferro aos seus acionistas em 2011



OGX Petróleo
Em primeiro lugar na lista aparecem as ações ordinárias da empresa de petróleo do bilionário Eike Batista, OGX Petróleo (OGXP3), com queda de 28,95% no ano.
Bastante afetados pelo relatório de estimativas das reservas, elaborado pela consultoria DeGolyer & MacNaughton e divulgado no dia 15 de abril, os papéis chegaram a cair mais de 17% no dia posterior à divulgação.
“A quantidade de petróleo que podia ser explorado era menor do que o mercado esperava. Sem dúvida, os papéis foram muito pressionados por conta disso”, afirma o analista-chefe da corretora SLW, Pedro Galdi.
O estrategista da Futura Investimentos, Adriano Moreno, concorda. “A notícia foi mal recebida pelo mercado. Além disso, as ações da OGX são muito visadas por investidores estrangeiros, e com essa fuga de capital externo da Bolsa, elas têm sofrido bastante”, diz o estrategista.
Para Galdi, a empresa ainda carrega consigo muitas incertezas. “A empresa tem que investir em plataforma, em navio. Tem muito investimento a fazer, mas enquanto não começar a produzir petróleo, ainda terão muitas dúvidas”, diz Galdi.
Hypermarcas
As ações ordinárias da empresa de varejo Hypermarcas (HYPE3), dona de marcas como Assolan, Doril e Pom Pom, amargam queda de 28,31% no ano.
De acordo com o estrategista da Futura Investimentos, os papéis da companhia foram penalizados no início do ano com a compra do laboratório brasileiro Mantecorp. “O mercado entendeu que o preço não foi barato. Além disso, o acordo de venda envolvia pagamento em ações e houve receio que a família que controlava Mantecorp iria se desfazer dessas ações, o que poderia ocasionar uma queda dos papéis”, explica Moreno.
Outro ponto que costuma pesar no desempenho desses papéis é a divulgação do balanço. “A empresa não conseguiu entregar crescimento de receita líquida no primeiro trimestre, o que assustou bastante o mercado”, diz Moreno.
A opinião é compartilhada pelo analista Cauê Pinheiro, da SLW. "O desempenho abaixo do esperado no primeiro trimestre frustou o mercado. Mas acredito que isso seja pontual e que, nos próximos trimestresm as ações devem mostrar um desempenho melhor", diz.
Gafisa
As ações ordinárias da Gafisa (GFSA3) registraram queda de 26,31% este ano, também pressionadas, segundo o analista da corretora Socopa, Osmar Camilo, pela fuga de capital estrangeiro.
“As construtoras possuem um grande volume de capital estrangeiro e têm sofrido com a saída deles”, diz. Além disso, de acordo com Camilo, a empresa não cumpriu com o guidance este ano, o que também prejudicou o desempenho de seus papéis.
Gerdau
Os papéis preferenciais da siderúrgica Gerdau (GGBR4) registram queda de 26,13% no acumulado do ano. Segundo o analista do BB Investimentos, Victor Penna, as ações das empresas de siderurgia estão sendo afetadas por conta da oferta global de aço.
“A produção mundial de aço está bastante alta. Existe um excesso de oferta, do Brasil, Índia e Austrália. Então, apesar da demanda estar aquecida, o excesso de oferta, aliado ao preço mais alto do minério de ferro, tem pressionado as margens das empresas do setor”, afirma Penna.
Além disso, Penna ressalta que a concorrência com o preço do aço importado tem sido outro problema, por conta da desvalorização do dólar.
Por fim, ele aponta que o follow-on (quando a empresa já tem capital aberto e coloca mais ações no mercado) da Gerdau este ano gerou especulações sobre o destino dos recursos captados. “A Gerdau informa que o dinheiro será direcionado para os planos de investimento, mas o mercado tem especulado que poderia haver uma aquisição da Usiminas”, diz Penna.
Brasil Ecodiesel
As ações ordinárias da Brasil Ecodiesel (ECOD3) constam na lista dos 13 papéis que mais se desvalorizaram no acumulado de 2011, com queda de 26%.
De acordo com o analista da Planner Corretora, Henrique Ribas, os papéis da empresa foram penalizados nos últimos dias por conta das notícias em relação ao processo de fusão com a produtora de soja Vanguarda, rejeitada na quinta-feira (11) pelo conselho administrativo.
Antes disso, outros fatores influenciaram no desempenho negativo dos papéis, como a profunda reestruturação nas atividades da empresa do ano passado pra cá. “Ela deixou de ser uma companhia focada exclusivamente em energia para também se dedicar aos alimentos, com a incorporação da Maeda Agroindustrial”, diz o analista.
Em relação às expectativas para o papel, Ribas é cauteloso. “É essencial ter mais clareza em relação à fusão com a Vanguarda. Este pode ser o gatilho para o desempenho dos papéis, mas as ações perdem atratividade à medida que não temos definição do modelo de negócios dessa fusão”, ressalta.
B2W
Os papéis ordinários da B2W (BTOW3), empresa que controla sites de comércio eletrônico como Submarino e Americanas.com, também sofreram este ano e já acumulam queda de 24,24%.
De acordo com o analista da SLW, Cauê Pinheiro, a empresa está sofrendo com a concorrência de grandes empresas de varejo que entraram há pouco tempo no comércio eletrônico, com o Ponto Frio e as Casas Bahia.
“Essas empresas têm ganhado mercado por conta da forte bandeira e com isso a B2W tem crescido abaixo da média do mercado e está perdendo market share, o que afeta a sua margem e a lucratividade”, diz o analista.
Cyrela
As ações ordinárias da construtora Cyrela (CYRE3) já perderam quase um quarto de seu valor este ano (24,08%). Segundo Adriano Moreno, da Futura Investimentos, a queda tem sido provocada pelo aumento significativo dos custos e a revisão para baixo do guidance (projeções) para este ano.
“A empresa sempre entregou até mais do que prometia e este ano ficou abaixo. Fora isso, a fuga de capital estrangeiro também está prejudicando o papel”, afirma Moreno.
Metalúrgica Gerdau
As ações preferenciais da Metalúrgica Gerdau (GOAU4) já perderam 23,32% este ano. De acordo com Victor Penna, do BB Investimentos, na siderúrgica, a Metalúrgica Gerdau tem sofrido com o excesso de oferta de aço e também com a forte concorrência do aço importado, devido à desvalorização do dólar.
“Fora isso, também tem a questão da oferta de ações, que também afetou o desempenho dos papéis da metalúrgica”, afirma Penna.
MMX
No acumulado do ano, as ações ordinárias da MMX Mineradora (MMXM3), também pertencente ao grupo EBX, de Eike Batista, já acumulam queda de quase 22% (21,91%). Para o analista da SLW, Pedro Galdi, as ações também sofrem com o “efeito OGX”. “Existe um certo receio do mercado de que a companhia também poderia estar prometendo um volume de matéria-prima acima do que ela realmente pode ter”, afirma Galdi.
Ainda de acordo com o analista, a empresa produz muito pouco minério de ferro se comparada com a Vale, por exemplo. “Se analisarmos, a MMX produz 7 milhões de toneladas por ano, enquanto a vale vende 300 milhões de toneladas”, afirma o analista.
JBS
As ações ordinárias da JBS (JBSS3) registram perdas de 21,34% ao longo deste ano. De acordo com o analista da Futura Investimentos, Alan Oliveira, a razão principal para o baixo desempenho dos papéis são as dívidas da companhia. "A empresa possui dívidas muito altas e precisa de capital externo para pagar essa dívida", ressalta o analista.
Além disso, a empresa também tem sofrido com a desvalorização cambial, na opinião de Oliveira. "Por ser o maior frigorífico do País, ela exporta bastante e, com a queda do dólar, acabou sendo prejudicada", aponta.
Usiminas
As ações preferenciais da Usiminas (USIM5) registram uma queda de 20,77% no ano, também influenciadas, segundo o analista do BB Investimentos, pelo custo de matéria-prima e a concorrência com o aço importado por conta da desvalorização do câmbio.
Outro fator que tem pesado nas ações preferenciais da siderúrgica, segundo Penna, é a possível aquisição da companhia pela Gerdau. “Como a Usiminas tem em seu estatuto um tag along de 80% apenas para as ações ordinárias, os papéis preferenciais acabam sendo menos visados”, afirma Penna..
Com o tag along, em caso de mudança no controle acionário da empresa, a companhia que está comprando a parte pertencente ao bloco controlador é obrigada a fazer uma oferta pública de aquisição das ações ordinárias pertencente aos minoritários de, no mínimo, 80% do valor pago pela aquisição das ações do grupo controlador.
Com isso, enquanto os papéis preferenciais já caíram mais de 20% em 2011, as ações ordinárias (USIM3) acumulam alta de 8,65% no período.

Fonte: Infomoney

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