terça-feira, 24 de novembro de 2009

Preço-alvo das ações deve ser revisado pelos analistas

"Há oito anos, quando a taxa de juro estava em 25% ao ano, dificilmente o investidor entraria no mercado acionário por um retorno inferior a 35%"

Para Felipe Miranda da Empiricus, os analistas estão sendo conservadores.

Em poucos meses, uma enxurrada de relatórios de análise elevando o preço-alvo das ações brasileiras tomará conta do mercado. Pelo menos é essa a previsão da Empiricus, empresa independente de pesquisa.
Tal prognóstico tem por base um elemento que pode soar estranho ao leitor, mas que é bastante usual entre os profissionais da área: trata-se do WACC, sigla em inglês para Weighted Average Cost Of Capital.
O valor de uma empresa é definido a partir da soma de seus fluxos de caixa. Quando o analista projeta o fluxo de caixa de uma companhia, ele precisa trazer esse resultado a valor presente.
A operação é necessária porque o dinheiro de hoje não tem o mesmo valor do dinheiro de amanhã. Você, por exemplo, preferiria receber R$ 100 hoje ou daqui a um ano? Provavelmente, hoje. Mas se daqui a um ano fosse R$ 120, em vez de R$ 100? Aí você já pararia para pensar, certo?
A resposta vai depender de inúmeras variáveis - capacidade de pagamento do credor, inflação no período, oportunidades de investimentos mais rentáveis, entre outras. O mesmo ocorre com uma empresa.
A tarefa do analista é verificar o real valor dessa projeção no presente para saber se o investimento vale ou não a pena. O WACC é justamente a taxa pela qual os fluxos de caixa esperados são descontados.
Segundo Felipe Miranda, analista da Empiricus, o patamar da taxa WACC utilizada no mercado, hoje, está bastante elevado. E quanto maior o valor do WACC, menor será o preço-alvo calculado para a ação da empresa.
A tendência, na opinião de Miranda, é que essa taxa de desconto caia nos próximos anos. "Se há boas oportunidades para as companhias ampliarem sua base de ativos, não será diferente em relação à estrutura de capital, e isso trará implicações importantes para o valor justo de uma companhia", diz.
Para compreender melhor a expectativa apontada por Miranda, primeiro é preciso analisar como a taxa de desconto WACC é calculada.
Um de seus componentes é a dívida da empresa. Se a tendência, no longo prazo, é que a Selic caia - ainda que ela possa sofrer uma subida momentânea em 2010, como boa parte dos economistas acredita - a consequência desse movimento já em curso será uma queda do endividamento corporativo.
"O desenvolvimento do mercado de capitais e o acesso a captações externas, inclusive em reais, vai contribuir também para a redução de custos", acrescenta ele.
A expectativa de retorno do acionista, outro componente do WACC, também está ligada à queda da Selic.
"Há oito anos, quando a taxa de juro estava em 25% ao ano, dificilmente o investidor entraria no mercado acionário por um retorno inferior a 35%", observa Miranda.
"Hoje, com a Selic a 8,75%, esse prêmio de risco caiu vertiginosamente."
Ademais, diante do baixo nível de alavancagem exibido pelas empresas, seria natural esperar um crescimento da relação entre dívida e capital.
Como o custo da dívida costuma ser maior do que o custo do capital, a queda do WACC vira uma questão matemática.

No site www.comdinheiro.com.br, você pode estimar o WACC de todas as empresas listadas em Bolsa, pelo valor do CDI que quiser atribuir (o campo exato no site é "taxa livre de risco").


ENTÃO COMPRA!!!

Um comentário:

Pedro Nagi disse...

Analisa para mim o papel da Embraer... As ações estão com preço subvalorizados. Qual a tendência para este papel?